O Poeta Paraibano natural de Cajazeiras e amigo Aldo Lins, que com tanta garra defende a vida com a poesia que exprime e expalha pelos ambientes e entornos do centro da cidade Recifense, e que, ao longo de tantas aventuras e desventuras publicou seu livro "Alma de Vidro", de onde extraio duas poesias para o apreço dos demais visitantes.
ESTIGMA
Acordei chorando
Jorrava de dentro de mim
Toda uma denuncia de tudo aquilo que sou.
Vagabundo, maluco, moribundo,
anarquista, amante, poeta e sonhador.
Não me conheço,
Alias, só por fotografia.
Não sou lavoura nem edifício.
Sou um homem que passou fome
Escarrou sangue
E foi preso como anarquista.
Também não sei mais sorrir
A minha pele hoje
É uma tatuagem cheia de escamas
Ate o meu canário fugiu da garganta
Deixando minha alma de vidro
Perdida pelos escombros
Útero da solidão.
Meus trinta anos
O que direi a eles
Quando reinar o eclipse da despedida
Haverei de doar meus olhos
Para alguém poder te ver.
Pois quem sabe um dia
Eu, hospede da utopia
Assustado com a sombra
Dos meus próprios sonhos
Seja encontrado sem vida
Sentado num cabaré vazio.
SOLUÇOS DO DERRADEIRO CANTO
Sonhei voando entre catedrais e cemitérios
Pó cinza e a alma pomba azul no céu
Velas acessas sobre o mármore negro
Sentinelas agora sem forma e sem cor.
Rastejam vermes fiéis companheiros
Famintos e sequiosos de uma carne fria
Na parede uma moldura desbotada.
Onde já se vê gasta a juventude.
Um terno escuro para a solenidade
A posse nos termos do obituário.
E na gaveta murmura o triste diário.
A luz então se fragmenta no espaço
E o tempo que assitia a tudo agitado
Agora dorme silenciosamente sem asas.
sexta-feira, 11 de maio de 2007
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