A imaginação não é um estado, é a própria existência humana.
(W. Blake)
TIGRE
Tigre, tigre, flamante fulgor
Nas florestas de denso negror,
Que olho imortal, que mão poderia
Te moldar a feroz simetria?
Em que altura ou abismo sem par
Ardeu o fogo do teu olhar?
Com quais asas sobe ele ao que clama?
Quais as mãos que seguram a chama?
Qual ombro poderia, ou qual arte,
Essas fibras do peito forjar-te?
E, ao pulsar desse teu coração,
Que pés horrendos, que horrenda mão?
Qual o martelo? Qual a corrente?
Que fornalha fundiu tua mente?
Qual a bigorna? Os punhos são quais,
Que atenazam terrores mortais?
Quando os astros, inermes de espanto,
Salpicaram os céus com seu pranto,
Por acaso sorriu teu obreiro?
Quem te fez, fez também o Cordeiro?
Tigre, tigre, flamante fulgor,
Nas florestas de denso negror,
Que olho imortal, que mão ousaria?
To moldar a feroz simetria?
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